Sob direção de palhaço espanhol, comédia reestreia em Campinas

Apesar de visitar os aeroportos em íntima demasia, dada à efervescência de temporadas internacionais da trupe Seres de Luz Teatro; a atriz argentina Lily Cúrcio não passou dissabor parecido ao de sua personagem atual. A granfina não tem nome. Atende-se por madame. Numa destas pontes aéreas, ela se estrepou. Com todas as letras e possibilidades existentes. A partir deste quiproquó trafega a comédia ‘De Malas Prontas’, em cartaz nesta sexta-feira (24), às 20h, no Teatro do Sesc Campinas.

Trata-se de uma reestreia. Sob a direção do palhaço espanhol Pepe Nuñez, da Cia. Pé de Vento Teatro (SC), a comédia volta à cena com uma alteração no elenco. Ao lado da atriz Vanderléia Will, o espetáculo conta com a participação de Lily Cúrcio, artista radicada no distrito de Barão Geraldo, em Campinas. Na estrada há nove anos, o espetáculo fez carreira internacional ao passar por países como Estados Unidos, Portugal, Espanha, México, Espanha, entre outros. “Já recebemos um convite para nos apresentar no Festiclown deste ano, na Galícia”, conta Lily.

A comédia não dá vez à fala. Toda a estrutura dramática se estrutura pela linguagem gestual, amparada pela comicidade. “São gags, que possibilitam a cada ação ter uma reação, com marcações bem precisas”, explica. Contudo, até pela experiência e fama do trio, a montagem não se configura pela linguagem clownesca. “Não há nariz vermelho”. Parênteses: mesmo assim, Lily consegue pescar toques da estrutura da graça de picadeiro na trama. “Tem momentos que a relação das personagens se assemelha a dos palhaços Augusto e Branco. Mas não é tão marcante”



Noutro ponto, outra virtuose circense faz parte da trama. Trata-se da mágica clássica. O espetáculo abriga duas delas: lançamento de facas e esquete da mulher cortada ao meio por lâminas. Porém, dentro de ‘De Malas Prontas’, os números de ilusionismo aparecem como alegorias. “Estão no plano da fantasia. Cada uma destas duas mulheres estão fantasiando como eliminar a outra…”, completa a atriz. Neste ponto, habita um detalhe importante da estrutura da peça: o tempo cômico preciso. “Milimetricamente pensado. Quando o tempo da graça é justo, sem nenhum segundo a mais ou a menos, a gag funciona. Aprendi isso com o palhaço italiano Leris Colombaioni”.

O enredo da comédia persegue o passos de duas mulheres. Quando estão a poucos minutos de embarcar no avião, as duas travam batalha homérica de conflitos. Não há santo nesta batalha, lembra Lily. “A minha personagem é uma metida, que se acha superpoderosa e pensa em ser diva. Chega arrasando no aeroporto”. Porém, a madame ‘cai do cavalo’ durante as cenas. “Vai se desmontando até o final da peça”. Fim harmônico? “Não. As coisas terminam numa catástrofe, mas muito divertida. Cômica”.

Pano de fundo
Atrás da cortina de comicidade do espetáculo, a atriz consegue encontrar uma reflexão árida: a intolerância. “Fala do não respeitar uns aos outros. Onde não chegamos com esta história de conflito, competição, de querer a todo custo o teu lugar…”. Para tanto, como completa a atriz, não há ferramenta mais eficaz do que o humor. “Através da comicidade mostramos as fraquezas do ser humano. Somos como clowns e bufões que podem rir das coisas dos homens”.

Serviço
O Teatro do Sesc Campinas fica na Rua Dom José I, 270, Bonfim, Guia da Cidade Campinas. Informações: (19) 3737-1500. Convites à venda por R$ 12 (inteira), R$ 6 (meia e usuários do Sesc) e R$ 3 (comerciários do Sesc).

Fonte: G1





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