Campinas: Em cartaz na Arautos da Paz, Le Cirque aposta na interação com a plateia

Com a roupa de quem foi passar a tarde na casa dos avós, o pequeno Gustavo, o Guga, conheceu o circo. Ao lado do tio André e da avó Aurea, o garotinho de 4 anos saiu em frenesi da lona do Le Cirque, instalada na Praça Arautos da Paz, no Taquaral, guia da cidade Campinas. Sob o efeito da euforia de picadeiro, Guga fez estripulias na frente do circo. Uma delas, por sinal, foi a de colocar um panfleto qualquer no rosto no instante em que posava para as fotos desta reportagem. Justificável: “É a primeira vez que ele vem num circo”, reforça André Elias, de 22 anos. O espetáculo que a família campineira assistiu fica em cartaz no espaço até janeiro de 2012.

Antes de se enveredar novamente pelas traquinagens, Guga elegeu rápido seus números preferidos. Os esperados, claro. “Gostei do palhaço, da ‘bainarinas’ e das meninas que dançam”, disse. Aliás, o garotinho caiu na gargalhada quando, no começo do espetáculo, um dos palhaços da trupe puxou o tio André para uma brincadeira. “Foi muito bonito e divertido”, resumiu o tio. Parênteses: a interação artista-plateia torna-se um dos pontos fortes do espetáculo de Le Cirque. Em vários momentos, o espectador se transforma em protagonista do número. Proposital. “Eliminamos a figura do locutor e do ‘respeitável público’. O público participa direto”, completa George Stevanovich, o proprietário do circo.

Apesar do picadeiro perdurar por cinco gerações na família Stevanovich, Le Cirque está na estrada há pouco tempo. Estreou em 2000. A trupe se faz por 70 pessoas, sendo 24 artistas. Detalhe: além de brasileiros, a lona recebe circenses da Mongólia, Japão, Rússia, Espanha e América Latina. A lona do Le Cirque, com capacidade para público superior a mil pessoas, tem 2.500 metros quadrados. Dividido em dois atos, o espetáculo conta com 22 números. Destaque ao tecido, lira, águas dançantes, ursinho de pelúcia dançarino, força, dança com bambolês, globo da morte, equilíbrio na corda e esquetes de palhaços.



Ao contrário do sobrinho, André guarda desde os anos de molecote um quadro circense como o número um. Trata-se do Globo da Morte. Surpreendeu-se com a apresentação no Le Cirque, protagonizada pelos Irmãos Stevanovich. “Tinha visto só com duas motos. Foi ótimo assistir com cinco motos”, avalia Elias. Na cabeça do rapaz não passa fugir com o circo, mas se incorporasse a trupe seguiria os passos das acrobacias. Explica o motivo. “Gosto de saltos e até pratico o parkour (arte do deslocamento) aqui na Praça Arautos da Paz. Me daria bem neste sentido”.

A poucos metros de André, Stevan Stevanovich, de 17 anos, preparava-se para a próxima sessão. Faz-se representante da quinta geração circense. Nasceu sob a lona e, aos seis anos, estreou na roda alemã. No espetáculo em cartaz, o adolescente integra dois números de fôlego e coragem: equilíbrio na corda e Globo da Morte. Quando instigado a escolher entre os dois o mais perigoso, não encontra resposta. “Tem que ter muita concentração. No caso do cabo, físico também conta”, conta o circense. Machucou-se na labuta? “Grave, não! Só uns arranhões”.
Popular?
Ao final da sessão, duas garotas abordaram George Stevanovich na portaria do Le Cirque. Uma delas soltou: “Este circo não está caro, não?”. A partir da deixa, faz-se necessário propor uma digressão sobre a chancela de popular que persegue a arte. Por exemplo, a família de André desembolsou aproximadamente R$ 125 só para assistir ao espetáculo num ponto confortável. Na ponta do lápis, duas entradas de R$ 50 (cadeira preferencial), R$ 10 (ingresso do pequeno Guga), R$ 10 (estacionamento cobrado por flanelinha) e R$ 5 (saco de pipocas). Sem contar, claro, os suvenirs do circo.

Dada à estrutura,Stevanovich afirma que o preço não pode ser inferior. Justifica-se: “Tudo inflaciona no País. Além disso, ao contrário do Cirque du Soleil, não temos subsídios. Manter esta estrutura fica caro”. Além da cadeira preferencial, o Le Cirque dispõe de camarotes, cadeiras laterais (R$ 20) e cadeira na plateia (40). Crianças entre 3 e 10 anos pagam R$ 10.

Serviço
A lona do Le Cirque está instalada na Praça Arautos da Paz (Rua Vital Brasil, s/nº, Taquaral). Sessões: de terça a sexta, às 20h30. Sábados, domingos e feriados, às 15h, 18h e 20h30. Informações: (19) 8327-1436 ou 8327-1446, e no site oficial do circo.

Fonte: EpCampinas





Deixe seu comentário