Políticos tucanos são citados em interceptações telefônicas feitas na investigação sobre suposto esquema de fraudes em guia Campinas (SP) envolvendo nomes próximos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O monitoramento, por agentes do Gaeco, braço do Ministério Público que combate o crime organizado e a corrupção, flagrou diálogos do empresário Luiz Arnaldo Mayer com interlocutores sobre contratos de interesse da organização criminosa.
No dia 11 de abril, às 9h27, Mayer fala com “homem não identificado”, segundo a promotoria. Esse interlocutor sugere que Edson Aparecido, secretário de Estado de Desenvolvimento Metropolitano, José Henrique Reis Lobo, ex-presidente do Diretório Municipal do PSDB em São Paulo, e o deputado Ricardo Trípoli (PSDB-SP) estariam “intercedendo” nos negócios de outro empresário, José Carlos Cepera, apontado como líder do grupo que teria desviado R$ 615 milhões do Tesouro.
O Ministério Público não investiga os tucanos. Mas registrou a menção aos nomes na página 266 do relatório de inteligência que deu base para a Justiça decretar a prisão temporária de 20 suspeitos, entre eles Mayer e Cepera. Os políticos negam categoricamente relacionamento com os empresários. Eles se declararam indignados.
Uma sequência de dez grampos mostra os movimentos de Mayer, preocupado com os rumos de negócios relativos à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado). Mayer, que caiu na malha de grampos do Gaeco, é sócio-diretor majoritário da Saenge Engenharia de Saneamento e Edificações Ltda, com participação de R$ 17,5 milhões. A Saenge tem contratos com a Sabesp.
O teor dos diálogos indica que o empresário teria o compadrio de um deputado para transitar por gabinetes da Assembleia e do Palácio dos Bandeirantes.
Três dias antes, Mayer conversou com pessoa identificada como Sônia, que seria da Sabesp Leopoldina. Ela solicita a Mayer documentos referentes à utilização de imóvel pela empresa Saenge em contrato com a Sabesp. Mayer diz que os documentos foram entregues a um deputado “para resolver esse assunto”. Em 15 de abril, o empresário conversa com Gil. Mayer diz que teria “uma reunião com o deputado às 10h no Palácio”.
O relatório diz que “conteúdo dos diálogos deixa muito evidente que as questões referentes às suas [de Mayer] contratações públicas estão intimamente ligadas a contatos e relacionamentos políticos”.
– Os indicativos de fraudes e corrupção são claros, necessário destacar que não é a primeira vez, no presente relatório, onde há menção de irregularidades em contratos da Sabesp.
Fonte: R7