Idosos se sentem esquecidos em Campinas

“Ninguém pensa nos idosos de Campinas”, desabafa o aposentado Neldo Cantante, 76 anos, quando o assunto é política pública voltada para a terceira idade. Depois de 38 anos dedicados exaustivamente à paixão pela fotografia, hoje, quando não está com a família, ele resume sua diversão a “prosear” com os amigos pelas ruas do Centro. “Os idosos ficam sozinhos. Repare no Largo do Rosário. São muitos os que passam horas lá sentados.”

Assim como Cantante, muitos outros idosos do município partilham da mesma opinião. Desassistidos, eles reclamam uma maior atenção do poder público, com ações concretas, voltadas exclusivamente para a terceira idade, focadas em lazer, cultura, esporte e entretenimento.

“Para quem não tem condição, fica complicado achar alguma coisa interessante para fazer”, comenta o aposentado João Leal Neto, 74 anos. “A verdade é que não tem nada para os idosos nessa cidade”, emenda o amigo Clóvis Purgato, 75 anos.

Dos 1,1 milhão de habitantes de Campinas, a estimativa da prefeitura de Campinas é de que 250 mil sejam idosos. De acordo com as projeções da ONU (Organização das Nações Unidas), até 2045 a população idosa vai superar a de crianças no Brasil. Para a presidente do Conselho Municipal do Idoso, Mônica Giacomette Secco, os dados demonstram um crescimento muito veloz desta população, para o qual os governos têm de estar preparados. “É preciso parar de pensar em ações curativas, que são mais caras, e buscar ações preventivas, políticas intersetoriais que acolham o idoso em sua totalidade.”



Hoje, Campinas possui o Polo de Referência do Idoso, que consiste em cinco espaços com atividades voltadas à terceira idade. Apesar de ser um começo, está bem longe do ideal para combater o isolamento social dessa população. “Uma cidade como Campinas não pode se limitar a ter um centro por região. Teria que ter três, quatro, cinco… para dar conta de todos eles”, comenta Maycol Salim, da Coordenadoria do Idoso.

Por isso, o conselho defende a criação dos Centros Dia, que seriam espaços de convivência para os idosos, onde eles teriam atividades lúdicas, ocupacionais e que prezem pela qualidade de vida. “Um local onde eles estejam completamente protegidos”, diz Mônica.

A iniciativa é uma forma de impedir que muitos deles terminem em casas de repouso ou sozinhos em seus imóveis. “Imagine só que bom você manter essa pessoa ocupada o dia todo e ainda assim, preservar sua independência, deixando que ela volte para o convívio familiar no final do dia”, analisa Mônica. “Eles têm que lembrar ainda de fazer isso perto das nossas casas para facilitar o acesso”, recomenda Cantante.

Fonte: Portal BandNews 





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