MPT fiscaliza hospital de Campinas onde três pacientes morreram

O Ministério Público do Trabalho (MPT) realizou na manhã desta segunda-feira (4) uma fiscalização no Hospital Vera Cruz, em Campinas (SP). A procuradora-chefe do MPT Catarina Von Zuben afirma que a presença da equipe do MPT na unidade médica teve como objetivo verificar se existe jornada de trabalho abusiva no setor de radiologia da unidade médica, serviço terceirizado pela clínica Ressonância Magnética Campinas (RMC).

O MPT não informou se a visita ocorreu após uma denúncia, mas afirma que a Procuradoria conversou com dois médicos e pediu toda a documentação relacionada à jornada de trabalho do setor de radiologia do hospital, principalmente do dia 28 de janeiro, quando ocorreu a morte de três pessoas após a realização de uma ressonância magnética.

Catarina Von Zuben afirmou que a fiscalização vai acontecer em dois aspectos. O primeiro é a verificação da jornada de trabalho abusiva, que será analisada após a chegada dos documentos. Já a segunda corresponde às condições dos funcionários do setor de radiologia após a grande exposição a que foram submetidos desde quando ocorreram as três mortes. “Esses funcionários estão vulneráveis e esgotados, eles estão expostos, dando muitos depoimentos, nós do MPT estamos preocupados com as condições deles”, explica.

A procuradora-geral ainda afirmou que os documentos relativos à jornada de trabalho devem ser entregues ao MPT entre o final da tarde ou o início desta terça-feira (10). “Após a entrega dos documentos, os procuradores vão analisar e verificar se existe irregularidades e se será necessário uma autuação”, afirmou Catarina.

O Hospital Vera Cruz, por meio da assessoria de imprensa, diz que não vai se pronunciar sobre o assunto, já que o setor de radiologia é terceirizado e de responsabilidade da Ressonância Magnética Campinas.

Já a empresa afirmou que está com a documentação em ordem e que eles estão acompanhando os resultados da investigação para tomar as medidas necessárias.

Possibilidade de crime intencional
A Polícia Civil de Campinas investiga se as três mortes de pacientes que passaram por ressonância magnética no Hospital Vera Cruz ocorreram por ação dolosa (intencional) de alguém. De acordo com o delegado do caso, José Carlos Fernandes, que falou pela primeira vez na sexta-feira (1), houve pequena divergência entre os 11 depoimentos prestados até agora e deve ser feita uma reconstituição dos exames pelo Instituto de Criminalística (IC) nesta semana. Fernandes também apreendeu documentos e imagens do circuito de câmeras do hospital.



“No primeiro momento há uma forte tendência da contaminação química, que pode ser culposa ou dolosa, mas as outras hipóteses não estão descartadas. Dependemos das análises do Instituto Adolfo Lutz, do IML e da perícia feita pelo Instituto de Criminalística”, ressaltou o delegado. Outras variáveis, segundo a Polícia, são falha humana ou problemas nos equipamentos ou medicamentos. Por outro lado, o Hospita Vera Cruz  afirmou que por meio da assessoria de imprensa, que não tem conhecimento de indícios que corroborem com a hipótese de crime doloso.

Outra hipótese
Os hemogramas dos três pacientes reforçam a hipótese de que a causa das mortes está relacionada à intoxicação química. A informação é do Secretário da Sáude, Cármino de Souza, que apontou expressiva redução do número de plaquetas, componente do sangue fundamental no processo de coagulação, e hemólise, que é a quebra dos glóbulos vermelhos.

Após os primeiros resultados divulgados pelo Instituto Adolfo Lutz descartarem a presença de bactérias no soro, o secretário endossou que o incidente também não foi provocado por fungos ou vírus no material. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) refutou a hipótese de superdosagem na aplicação de contraste.

O caso
Três pessoas morreram entre a tarde e a noite do dia 28 de janeiro após realizarem exames de ressonância magnética no hospital na cidade de Campinas. A Vigilância em Saúde interditou o setor responsável pelo procedimento da unidade de saúde por tempo indeterminado.

Entre as vítimas estão a administradora de empresa Mayra Cristina Augusto Monteiro, de 25 anos, que deixa uma filha de 4 anos. Também morreu o paciente de Santa Rita de Cássia, o zelador Manuel Pereira de Souza, de 39 anos, casado e pai de uma filha de 6 anos. O terceiro paciente é Pedro José Ribeiro Porto Filho, de 36 anos.

Fonte: G1





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