Escolas municipais de Campinas incluem inglês na 1ª série, apesar do cenário deficitário

A educação praticamente universalizada em guia da cidade Campinas faz ajustes da matriz curricular como a inclusão de uma segunda língua no primeiro ano a partir de 2012, investimento de novas tecnologias e o aumento de uma hora de aula. No entanto, as mudanças apesar do cenário deficitário na alfabetização na língua materna, tem escolas com jornada diária abaixo do mínimo desejável, ausência temporária de professores e baixa participação da sociedade na vida escolar.

Para o secretário de Educação, Márcio Rogério Silveira, que entrou no cargo recentemente para substituir José Tadeu Jorge, que após os escândalos envolvendo a prefeitura alegou motivos pessoais e deixou o cargo, a preocupação da base na pré-escola está em formar crianças em cidadãos, além do ensino de português e de matemática. Mesmo assim, a proposta não atinge todas as crianças em idade escolar. A administração conseguiu zerar o déficit na cidade na faixa dos 3 anos à pré-escola, principalmente com as construções das Naves Mães e escolas, ainda há uma demanda não atendida de cerca de seis mil em lista de espera até 6 anos, segundo o secretário.

Até 2016, a demanda obrigatória por lei federal será de atender as crianças que não procuram nem escolas da prefeitura e nem as conveniadas, que são hoje cerca de sete mil crianças. “Mesmo com a inauguração de novas escolas, o número de crianças pode aumentar à medida que mais pessoas vêm para cidade atraídas pela oportunidade de emprego que vem crescendo”, diz o secretário Silveira.

Inglês

A partir de 2012, novos desafios que unem o mercado de trabalho com a educação como a inclusão de aulas de inglês entram em vigor no conteúdo curricular a partir do primeiro ano. As aulas vão ser lecionadas por um professor especialista, duas vezes por semana. Segundo o secretário, a inserção da língua estrangeira vem da necessidade apresentada na projeção do mercado de trabalho na região e eventos futuros como a Copa do Mundo em 2014. “A ideia é instrumentalizar os alunos, oferecendo um aprendizado para que ele consiga se comunicar”, disse.



Entretanto, para a professora do Sindicato dos Servidores, Rosana Medina, sem as modificações propostas já faltam professores de inglês na rede. “No mercado de trabalho há ausência para localizar esses professores com a qualificação específica, o receio é que use o professor adjunto sem a formação em inglês para suprir essa necessidade”, diz Medina. Para suprir a demanda, um novo concurso para contratação de professores deve ser aberto ainda este ano, segundo o secretário.

Segundo o presidente do Conselho Gestor do Compromisso Campinas pela Educação, Arnaldo Rezende, a situação de inclusão de uma nova língua é dicotômica (contraditória). “Por um lado, o ensino de um segundo idioma para crianças é muito positivo. Não somente no aspecto do aprendizado especifico de uma segunda língua, mas também porque amplia sobremaneira a capacidade cognitiva deste aluno, fazendo com que a absorção de conhecimento de outras disciplinas melhore significativamente. Por outro lado, temos a estrutura atual de nossas escolas, onde sequer conseguem alfabetizar plenamente em língua portuguesa estes mesmos alunos, sem falar na deficiência do ensino de matemática que é mais sofrível ainda”, explica Rezende.

Ensino fundamental

No ensino fundamental a preocupação é com a instrumentalização de novas tecnologias como meio de navegação na cultura contemporânea globalizada. A proposta é disponibilizar um computador para cada aluno, criando espaços educativos e favorecendo integração com a família. “Os pais vão ter senhas para acessar como está o desempenho do aluno”, explica. Além disso, a capacitação do professor e a profissionalização da categoria também fazem parte dos objetivos da secretaria.

Para o professor Rezende, os professores não estão preparados para atender a demanda da inclusão de novas tecnologias. Para ele, o desafio ao sistema de ensino não pode desprezar que um bom professor é capaz de ensinar em qualquer ambiente com o mínimo de recursos.

Sindicato

Segundo a professora Rosana, faltam professores de português e inglês. O sindicato ainda não foi comunicado oficialmente sobre a obrigatoriedade das aulas de inglês. “Em sala de aula, neste ano, enfrentamentos problemas como falta de professores, imagina com a nova medida?”. Ela considera que a língua inglesa não seja prioridade no ensino infantil. “Seria mais útil para essa idade o ensino de Educação Física e Artística, por exemplo, a preferência é que aumente sim a qualidade do ensino”, afirma.

Fonte: EpCampinas





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