Sesc Campinas exibe documentário sobre a vida de Manoel de Barros ?

As respostas negativas de Manoel de Barros aos pedidos do cineasta Pedro Cezar durante as pesquisas que deram origem ao longa-metragem “Só Dez Porcento é Mentira” não impediram que o carioca seguisse adiante com o projeto de contar a vida do poeta em um filme. Foi durante uma conversa em Campo Grande, cidade onde vive o escritor, que Pedro disse a palavra mágica que mudou o curso da história. “Não imaginava que ele faria toda essa resistência, mas eu não tinha muito a perder e arrisquei tudo. Quando estava quase desistindo, eu disse que fazer o filme era um sonho meu. Depois disso, ele aceitou e marcou comigo na manhã seguinte”, conta o diretor. O resultado está registrado no documentário exibido pelo Sesc da cidade Campinas nesta terça-feira (18), às 20h.

A entrevista, a princípio planejada para ser usada apenas como material de pesquisa, serve como fio condutor para o documentário de 76 minutos, que mostra o poeta em seu modesto escritório em meio aos cadernos de anotações em que registra as primeiras versões de suas obras. Pouco conhecido até os anos 1980, Manoel de Barros se tornou um dos poetas brasileiros que mais vende livros no país depois que seus poemas foram publicados em colunas de Millôr Fernandes.

Depoimentos como os do amigo Palmiro, do filho João e de admiradores do trabalho do poeta, aparecem mesclados a interpretações de trechos da obra de Manoel, uma brincadeira do diretor com uma fala do poeta, que serviu de referência para o título do filme: “Noventa por cento do que escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira”.



A mesma resistência que apresentou para autorizar Pedro Cezar a realizar uma obra sobre a sua vida, Manoel de Barros ofereceu para assistir ao documentário por razões diferentes. O filho João, morreu em 2007, durante o processo de produção do documentário. “Na terceira vez que estive lá, ele tinha acabado de perder o filho e isso acabou com ele e com a Stella (esposa de Manoel), mas depois de um tempo ele assistiu e adorou. Tenho aqui uma carta que ele me escreveu dizendo: ‘Vi de novo e adorei. Com certeza é uma obra de arte’”, conta.

Depois de conhecer Manoel de Barros, a quem já admirava pela poesia, o diretor afirma que o encontro veio reforçar suas impressões. “É uma pessoa singular, particular, excepcional e acabei concluindo que aquela obra não poderia ser resultado de outro ser humano. Quando conheci esse cara, que tem as questões prosaicas também, como todos nós, mas que tem esse mergulho muito claro, esse casamento com a poesia… Vi que ele encontrou algo que quase todo mundo procura na vida: o estar confortável no mundo.”

Pedro Cezar ainda mantém contato com a família de Manoel de Barros e afirma que o poeta de 94 anos está prestes a publicar mais um livro.

Fonte: EpCampinas





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